sexta-feira, 20 de maio de 2016

AOS LOBINHOS E AS LOBINHAS

"Na natureza nada se deixa, a não ser pegadas".
Lobinho é amigo da Natureza!!


"Na natureza nada se deixa, 

a não ser pegadas".

Roca de Conselho

Roca do Conselho


Quando a Alcateia precisa tratar de assuntos importantes,
reúne-se na Roca do Conselho.
Participam dessa reunião todos os membros da Alcateia,
porque todos devem dar a sua opinião.
É na Roca do Conselho que se resolve sobre
a programação para as atividades que a Alcateia
escolheu por meio do Jogo Democrático.
Além disso, podem ser tratados outros assuntos, tais como:
 Avaliação das atividades feitas,
acolhimento de um novo membro ou despedida de outro, etc.
Sua participação nos Jogos Democráticos e na
Roca do Conselho é muito importante, expresse suas
opiniões com franqueza e respeito pelas opiniões
dos outros lobinhos e lobinhas.
Os assuntos tratados na Roca do Conselho podem
ser registrados no Livro de Caça.
Peça para ver o da
sua Alcatéia e escreva algo nele quando puder.

Ramo Lobinho


Ramo Lobinho





Ramo Lobinho-top-left
Para meninos e meninas de 6,5 a 10 anos.
Seção: Alcatéia de lobinhos, Alcatéia de lobinhas ou Alcatéia mista.
Nas Matilhas, os meninos e meninas possuem um jovem líder, chamado Primo ou Prima que é auxiliado e substituído, em suas ausências, por outro lobinho ou lobinha, denominado de Segundo ou Segunda. Ambos são eleitos pela própria Matilha. Os Lobinhos e lobinhas são divididos em em Matilhas, que são grupos de quatro a seis crianças.  O lobo é o animal símbolo de todas as Matilhas, que se distinguem pelas cores típicas de suas pelagens. Assim, os nomes possíveis de matilhas em uma alcateia podem ser Matilha Preta, Matilha Cinza, Matilha Branca, Matilha Vermelha, Matilha Marrom e Matilha Amarela, sendo que uma Alcateia completa deve contar com, no máximo, quatro Matilhas.

O Lema do Lobinho é “O Melhor Possível” e  nesse ramo trabalha-se a fantasia, utilizando como fundo de cena a História do Livro da Jângal (Mowgli, o menino lobo) de Rudyard Kipling e a criança se prepara para, quando chegar entre os 10 e 11 anos de idade, demonstrando interesse e maturidade para tal, possa ser encaminhado para a Tropa Escoteira.

O adulto responsável pelo ramo é chamado de Akelá e seus assistentes são chamados de Baloo, Baguera, Kaa, Chill e outros nomes representados no Livro da Jângal.

A Akelá e os velhos lobos ensinam muitas coisas úteis e divertidas através de trabalhos e jogos onde os Lobinhos aprendem a viver em liberdade com a natureza,  respeitando-a e a cultivarem um clima de justiça e paz como na história do Livro do Jângal.

Se você quer fazer parte desta grande família de lobinhos, com mais de 28 milhões de meninos e meninas em mais de 216 países e territórios, entre em contao conosco:  alcateiaseeonee.geu@gmail.com



Lobinhos como conquistar o Cruzeiro do Sul

Lobinhos como conquistar o Cruzeiro do Sul




Para conquistar o Cruzeiro do Sul o lobinho deve atender as seguintes requisitos:
  • Ter conquistado todas as atividades previstas no 2º Guia do Caminho da Jângal;
  • Ter participado de, no mínimo, três acampamentos ou acantonamentos;
  • Ter conquistado, no mínimo, cinco especialidades em pelo menos três ramos de conhecimentos diferentes;
  • Ter conquistado uma das quatro Insígnias de Interesse Especial do Ramo Lobinho: Insígnia Mundial Escoteira de Meio Ambiente, ou a Insígnia da Lusofonia, ou Insígnia do Cone Sul, ou a Insígnia da Boa Ação;
  • Ser recomendado pelos Velhos Lobos e pela Roca de Conselho por ser um Lobinho dedicado, frequente às atividades da Alcateia e cumpridor da Lei e Promessa do Lobinho.
Esse distintivo é redondo, de tecido azul marinho, com 4,5 cm de diâmetro, debruado em amarelo, tendo ao centro o Cruzeiro do Sul, também bordado em amarelo. Deve ser colocado na manga direita da camisa do uniforme escoteiro e pode ser usado até que o jovem conquiste o distintivo Lis de Ouro, ou, caso isto não aconteça, até sua saída do Ramo Escoteiro.
Os jovens abaixo receberam o distintivo e o diploma da UEB concedendo a eles o Cruzeiro do Sul em cerimônia formal, com a participação dos familiares, escoteiros e escotistas presentes. 
Bravo! Bravo! Bravo!



quinta-feira, 19 de maio de 2016

Caracteristicas essenciais do Escotismo



CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DO ESCOTISMO

Contribuir para a educação dos jovens: O propósito do Escotismo.
Através de um sistema de auto-desenvolvimento progressivo...
Baseado num sistema de valores

1. O QUE É EDUCAÇÃO?

            A Constituição da Organização Mundial do Movimento Escoteiro deixa bem claro que o Escotismo é "um Movimento educativo".

a) Definição    
            A educação em um sentido mais amplo é um processo que dura toda a vida e que permite o desenvolvimento global e continuo das capacidades da pessoa tanto como indivíduo como membro da sociedade. Ao contrário do que a maioria pensa, a educação vai muito além da educação formal (ex. Escola) tanto em objetivo quanto em duração.

- Um processo que dura toda a vida: o desenvolvimento de uma pessoa não ocorre apenas durante os "anos de formação" (infância e adolescência). Continua por toda a sua vida. Como um "processo", tem seus altos e baixos - alguns períodos são mais ativos, mais intensos e significativos que outros - e necessitam de apoio.

- O desenvolvimento permanente das capacidades de uma pessoa: o propósito da educação é contribuir para o desenvolvimento pleno de uma pessoa autônoma, colaboradora, responsável e comprometida.

Autônoma: capaz de tomar suas decisões e administrar sua vida.

Colaboradora: que se preocupa ativamente com os demais.

Responsável: capaz de assumir as conseqüências das decisões que toma, de manter seus compromissos e de cumprir aquilo a que se propõe.

Comprometida: que procura viver de acordo com seus valores e que apoia os ideais que considera importantes.

- Como indivíduo: o desenvolvimento de todas as capacidades de uma pessoa em todas as áreas de desenvolvimento - física, intelectual, emocional, social e espiritual.

- Como membro da sociedade: o desenvolvimento de uma consciência de respeito ao próximo e do sentido de pertencer a uma comunidade e de ser parte de sua história e evolução.

            Estas duas dimensões não podem estar desassociadas tendo em vista que não existe uma "educação" sem a busca do desenvolvimento pleno dos próprios potenciais de uma pessoa e não há "educação" sem a aprendizagem da vida com os demais, como membro de comunidades locais, nacionais ou internacionais.


b) Os "quatro pilares da educação"
            Em sua definição mais ampla, a educação permanente durante toda a vida baseia-se em quatro pilares1 :

Aprender a conhecer, combinando um conhecimento geral suficientemente amplo com a oportunidade de aprofundar-se em determinadas áreas. Isso também significa aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação durante a vida.

Aprender a fazer, com o propósito de adquirir não apenas uma preparação ocupacional, mas também um amplo leque de habilidades para a vida, que incluam relações interpessoais e de equipe.

Aprender a viver juntos, desenvolvendo uma compreensão pelas outras pessoa, um interesse pela interdependência, habilidades para o trabalho em equipe e para a solução de conflitos, uma adesão aos valores da democracia, do respeito mutuo e da compreensão, paz e justiça.

Aprender a ser, para desenvolver melhor o próprio caráter e atuar com uma maior autonomia, critério e responsabilidade. Neste sentido a educação não deve descuidar-se de nenhum aspecto no desenvolvimento do potencial do jovem.

c) Agentes educativos
São vários os agentes educativos que contribuem para o desenvolvimento pleno de uma pessoa. A definição da UNESCO apresenta três classes:

Educação formal é o sistema educacional estruturado hierarquicamente, graduado cronologicamente, que se estende desde o ensino fundamental até o ensino superior.

Educação informal é o processo pelo qual cada pessoa adquire atitudes, valores, habilidade e conhecimentos da experiência diária, como da família, dos amigos, dos grupos, dos meios de comunicação e outras influências e fatores ao redor da pessoa.

Educação não formal é a atividade organizada, fora do sistema formal estabelecido, que está destinada a servir uma clientela de aprendizagem identificada com objetivos de aprendizagem identificados.

2. O ENFOQUE ESPECÍFICO DO MOVIMENTO ESCOTEIRO

            Como movimento educativo para jovens, o Movimento Escoteiro se identifica totalmente com os elementos da educação citados anteriormente.

- Seu propósito é contribuir para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento, especialmente do caráter, ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, como cidadãos responsáveis, participantes e úteis em suas comunidades, conforme definido no Projeto Educativo da UEB.

- Inclui todos os quatro pilares da educação: aprender a saber, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser, com ênfase particular nos dois últimos.

- Pertence a categoria de educação não formal tendo em vista que, enquanto se desenvolve fora do sistema da educação formal, é uma instituição organizada com um propósito educativo e que se dirige a uma clientela específica.

            Além disso, o enfoque educativo do Movimento Escoteiro se caracteriza pelo seguinte:

a) adota um enfoque holístico para a educação dos jovens;
b) procura alcançar seu propósito educativo tendo como base um Projeto Educativo;

c) como agente de educação não formal, desempenha um papel de complementação a outros agentes educativos;
d) reconhece que só pode contribuir com a educação dos jovens.

            Estas características serão desenvolvidas abaixo:

a) Um enfoque holístico

            O Escotismo considera que cada jovem é:

·         Um ser complexo cuja identidade se forma, em parte, mediante a interação e
as relações entre as diversas dimensões da pessoa (física, intelectual, emocional, social e espiritual), entre o indivíduo e o mundo exterior e, finalmente, entre a pessoa e a Realidade Espiritual.

            Como resultado disto, o Movimento Escoteiro dirige o desenvolvimento de toda a pessoa, procurando estimular o desenvolvimento em todas as dimensões:

- reconhece que as diversas dimensões da personalidade estão conectadas e se influenciam mutuamente;

- admite que o desenvolvimento integral da pessoa só pode ocorrer como resultado de múltiplas experiências que necessariamente estendem-se por um longo período de tempo.

·         uma pessoa única, cada uma com sua história pessoal, conjunto de
características, diferentes necessidades, capacidades e ritmo de desenvolvimento.

            Como resultado do exposto, o Movimento Escoteiro se dirige ao desenvolvimento da totalidade do ser humano como uma pessoa única:

- reconhece que o desenvolvimento das capacidades de cada jovem ocorre conforme seu próprio ritmo, com explosões de crescimento em certas áreas e com períodos de latência em outras. O Movimento Escoteiro, por tanto, procura satisfazer as necessidades educacionais de cada jovem na medida que estas se apresentam, enquanto continua estimulando o desenvolvimento em todas as áreas.

- admite que cada pessoa tem diferentes potencialidades e de tal maneira procura ajudar a cada jovem a desenvolver seus talentos ao máximo de suas capacidades ("fazer o seu melhor possível").

·         e parte integral do mundo em que cada jovem vive.

            Como resultado disto, o Movimento Escoteiro se dirige ao desenvolvimento da totalidade do ser humano como uma pessoa única que é também parte integral do mundo em que vive:

- procura ajudar cada jovem a reconhecer-se como parte, ainda que pequena, de um todo e a desenvolver um sentimento de pertencer, que ajuda a dar-lhe sentido a vida. Isto requer uma multiplicidade de oportunidades para que cada jovem interaja com, e efetue uma contribuição significativa para o mundo do qual faz parte (a família, a comunidade local, nacional e internacional, o patrimônio cultural e o meio ambiente).

b) Um projeto educativo

            O Movimento Escoteiro busca alcançar seu propósito citado anteriormente - contribuir para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento - tendo como base determinados ideais ou valores - seus Princípios - e de acordo com um método educativo claramente definido - o Método Escoteiro. O Movimento Escoteiro, portanto, oferece um Projeto Educativo específico.
            Este Projeto Educativo:
- não é uma prateleira vazia onde cada um pode pegar o que preferir dependendo de suas próprias necessidades e desejos. O projeto não pode ser aceito ou rejeitado parcialmente e, uma vez aceito, passa a vigorar. Naturalmente, evolui com o tempo mas não ao capricho de cada integrante do Movimento.

- não tem por objetivo fazer com que cada jovem se conforme com um modelo ideal preestabelecido. Cada jovem é convidado a fazer o seu melhor possível para que se desenvolva em plenitude em todas as áreas de sua personalidade única.

            O Movimento Escoteiro cumpriu sua missão quando um integrante deixa o Movimento com uma atitude positiva com relação ao seu ingresso na vida adulta e com capacidade de faze-lo de uma maneira construtiva, acertiva e responsável, consciente da necessidade de continuar seu desenvolvimento como pessoa autônoma, colaboradora, responsável e comprometida.

c) Uma função complementar

            Com freqüência se afirma que o Movimento Escoteiro desempenha um papel complementar para o desenvolvimento pessoal do indivíduo.
            Como citado anteriormente na seção 1.c (Agentes Educativos), existem três "agentes" educativos que contribuem para o desenvolvimento pleno de qualquer pessoa. O Movimento Escoteiro está inserido como "agência" de educação não formal, e assim sua contribuição complementa a educação dada pelo setor formal e pelo setor informal. O Movimento Escoteiro não é um agente educativo formal, como a escola, tampouco é um agente informal, como a família, os amigos e outras influências. O Movimento Escoteiro deve participar em um papel caraterístico; não é uma repetição, nem um substituto, do que ocorre na escola, no lar ou em qualquer outra instituição que exerce influência no desenvolvimento do jovem. Um escotista, por tanto, tem uma função característica; não é simplesmente outro professor, pai, funcionário ou sacerdote.
            O Movimento Escoteiro, pelo que foi exposto, deve participar em um papel específico e característico na educação dos jovens; deve identificar seu próprio  espaço no espectro da oferta educativa para os jovens. O Movimento Escoteiro é não formal no sentido que está organizado e estruturado, com um projeto educativo específico que inclui um método claramente definido.
            É exatamente o método singular do Movimento Escoteiro o que contêm a chave para este papel característico. O Método Escoteiro - um método que compreende numerosos elementos - é o instrumento que o Movimento Escoteiro utiliza para conseguir seu enfoque específico na educação dos jovens. Muitos outros agentes educativos adotaram elementos do Método Escoteiro e alguns deles são atualmente utilizados em escolas, clubes juvenis e outros ambientes. Porém, nenhum destes utiliza o Método Escoteiro em sua totalidade. O Método Escoteiro por si não pode ser aplicado na escola, igreja ou família. O Método Escoteiro, aplicado em um ambiente de tempo livre, entre companheiros, com a colaboração de adultos, proporciona o ambiente seguro no qual o jovem pode "experimentar" e aprender a partir de suas experiências, e assim crescer e desenvolver-se como ser humano singular que chega a ser ainda mais autônomo, colaborador, responsável e comprometido.
            A atenção do Movimento Escoteiro está sobre o desenvolvimento integral da pessoa. Neste sentido, o ideal que o Movimento Escoteiro busca alcançar não difere do da escola ou da família, pois estas também têm sua atenção voltada para o desenvolvimento integral da pessoa.
            Porém, como mencionado anteriormente, os métodos utilizados na educação formal e as formas com que as pessoas "aprendem" informalmente, provavelmente dêem como resultado contribuições diferentes para o desenvolvimento das capacidades de um jovem em cada uma das dimensões da personalidade humana.
            Assim, em virtude da aplicação efetiva de seu método singular, o Movimento Escoteiro é capaz de fazer uma contribuição de natureza diferente para o desenvolvimento físico, intelectual, emocional, social e espiritual de um jovem, se for comparado com o que faz a escola, a família ou os grupos de amigos, os meios de comunicação ou as instituições religiosas ou qualquer outra "influência" na educação da pessoa. Por exemplo: na área do desenvolvimento intelectual, muitos agentes enfatizam a aquisição de conhecimentos, enquanto o Movimento Escoteiro, através do uso efetivo do Método Escoteiro, enfatiza a criatividade, a invenção, etc.

d) Uma contribuição

            Como movimento educativo para jovens, o Movimento Escoteiro reconhece que só pode contribuir para este processo já que:

·         o Movimento Escoteiro só é uma das muitas influências sobre a vida de um jovem, e

·         a educação é um processo que dura toda a vida, e assim o potencial pleno de uma pessoa continua a desdobrar-se por toda a sua vida. Portanto, o Movimento Escoteiro só pode ajudar de forma direta os jovens no desenvolvimento de suas potencialidades durante o tempo em que permanecerem no Movimento.

Deve-se ter em conta que:
·         Para que esta contribuição produza o melhor efeito, o jovem deveria ser membro do Movimento durante um tempo suficiente, particularmente durante a adolescência, para ter a oportunidade de alcançar os objetivos educativos finais do Movimento Escoteiro. Uma permanência mais breve, especialmente numa idade menor, naturalmente produzirá alguns resultados e beneficiará o jovem, porém numa menor extensão.

·         Tendo em vista que o enfoque educativo do Movimento Escoteiro se orienta a ajudar para que o jovem seja responsável por seu próprio desenvolvimento, também procura ajudá-lo a desenvolver seus recursos internos e o desejo de continuar levando suas potencialidades a plenitude como pessoa e como membro ativo e construtivo no mundo quando o jovem deixar o Movimento.


CONTRIBUINDO COM A EDUCAÇÃO DOS JOVENS...

ATRAVÉS DE UM SISTEMA DE AUTO-DESENVOLVIMENTO:
O MÉTODO ESCOTEIRO

1.     AUTO-DESENVOLVIMENTO
O Escotismo é baseado no conceito de auto-desenvolvimento. Isto implica que cada membro jovem é considerado um indivíduo único que, tem seu potencial para desenvolver-se em todas as dimensões e para assumir responsabilidades para seu próprio desenvolvimento. Implícito no auto-desenvolvimento está o fato de que está baseado no conceito de "educação para dentro", oposto ao "instrução para fora". Os membros juvenis são os atores principais no processo educacional, por exemplo o "educador" do jovem é primeiramente ele mesmo. O Método Escoteiro é estruturado de forma a guiar e estimular cada jovem em seu caminho para o crescimento pessoal.
            Este auto-desenvolvimento é progressivo. O Método Escoteiro tem a intenção de ajudar cada jovem a usar e desenvolver suas capacidades, interesses e experiências; a estimular a descoberta e desenvolvimento de novas capacidades e interesses; a ajudá-lo a encontrar formas de descobrir suas necessidades nos diferentes estágios de desenvolvimento, e abrir portas para outros estágios em sua caminhada.

2.     UM SISTEMA

            O Método Escoteiro também é descrito como um sistema. Isto implica que deve ser concebido como um grupo de elementos interdependentes formando um todo unido e integrado. Por isso a palavra "Método" é usada no singular, e não no plural. Cada um dos elementos que o compõem podem ser considerados um método (e de fato o são por outras instituições educacionais). Só podemos falar do Método Escoteiro quando todos os elementos estão combinados em um sistema educacional integrado.
            Cada um destes elementos tem uma função educacional (cada elemento é destinado a contribuição  de um processo educacional de uma maneira específica) e cada elemento complementa o impacto dos outros. Todos os elementos são no entanto necessários para que o sistema como um todo funcione e devem ser usados de forma que seja condizente com o Propósito e Princípios do Escotismo.
            A forma com que estes elementos são aplicados devem ser apropriada para o nível de maturidade do jovem. O Método Escoteiro é um aspecto fundamental do Escotismo. Se qualquer um dos elementos não funciona devido a falta de maturidade ou porque os indivíduos já ultrapassaram a necessidade de qualquer um deles, então o Escotismo não é apropriado para eles. Isto pode acontecer quando tenta-se aplicar o Método Escoteiro para crianças muito pequenas ou adultos após os 20 anos.
            Enquanto todos os elementos do Método Escoteiro, trabalhando como parte do sistema, estarão constantemente participando da experiência Escoteira vivida no Grupo Escoteiro, nem todos os elementos serão aparentes em um momento particular; alguns estarão participando apenas nos bastidores. No entanto, após um período de tempo - por exemplo, após várias reuniões ou um acampamento - todos os elementos do Método terão sido usados ativamente. Em outras palavras, uma "fotografia instantânea" da vida na seção não mostrará todos os elementos do Método em ação, mas um filme em vídeo sim!

UM MOVIMENTO...
PARA JOVENS...
VOLUNTÁRIO...
ABERTO PARA TODOS...
NÃO POLÍTICO...
INDEPENDENTE.

            O Movimento Escoteiro é, antes de tudo, um movimento. E a definição de movimento é "uma série de ações e esforços desenvolvidos por um conjunto de pessoas, que tende mais ou menos para um fim determinado" ou "uma série de atividades organizadas ou eventos relacionados trabalhando para alcançar um objetivo ou dar-lhe forma."
            Partindo das definições acima, um movimento como o dos Escoteiros se refere a um grupo de pessoas que compartilham de certos ideais e o desejo de alcançar ativamente um propósito comum que os une e com o qual estão todos comprometidos; em geral isso é atingido através de algum tipo de organização e estrutura.
            Como movimento, o Escotismo deve portanto caracterizar-se pelo seguinte:

·         Um movimento implica unidade. Esta unidade resulta de compartilhar um propósito, um conjunto de valores e um método educativo, os quais em conjunto criam um sentimento de pertinência entre seus membros e faz possível sua identificação com o Movimento.
A unidade é uma característica essencial sem a qual um movimento não pode existir. Unidade não significa uniformidade e não exclui diversidade entre seus membros nas áreas nas quais a diversidade é possível e até desejável. No entanto, a unidade requer que todos os membros de um movimento aceitem os elementos fundamentais que este tem definido como base de sua existência. No caso do Movimento Escoteiro, estes elementos fundamentais são seu Propósito, Princípios e Método do Movimento. Seus membros não podem tomar e eleger entre estes os fundamentos que os convém; estes elementos constituem um conjunto integrado que deve ser aceito em sua totalidade.
Com o objetivo de proteger o Movimento Escoteiro, seu Propósito, Princípios e Método são objetos de um acordo internacional entre seus membros e estão claramente definidos a nível mundial na Constituição da Organização Mundial do Movimento Escoteiro; qualquer adaptação ou reformulação dos fundamentos do Movimento Escoteiro requer a reforma da Constituição da OMME. Além disso, a reformulação do Propósito, dos Princípios e do Método nos estatutos das associações nacionais e qualquer reforma nessa formulação requerem a aprovação da Organização Mundial antes de entrar em vigor.
Os elementos fundamentais da unidade do Movimento Escoteiro - o Propósito, Princípios e Método - são válidos no Movimento em qualquer um de seus níveis. É dever dos organismos mundiais assegurar que estes elementos fundamentais sejam respeitados por todas as associações escoteiras nacionais. É dever de cada associação escoteira nacional assegurar que os elementos fundamentais se reflitam em todos os aspectos de suas estruturas, atividades e por cada um de seus integrantes individuais. Essa adesão e esse respeito é que garantem a estabilidade do Movimento Escoteiro tanto a nível nacional como mundial.

·         Um movimento deve ser dinâmico, não pode ser estático. Um movimento, por definição, implica em evolução. Em um movimento, a evolução é um meio para alcançar um propósito ou objetivo, ao qual se deve permanecer fiel; e não uma mudança fortuita ou sem orientação.
Como movimento, o Escotismo existe com o objetivo de alcançar um propósito que é a educação dos jovens com base em certos ideais ou valores - seus Princípios - e em conformidade com um método educativo claramente definido - o Método Escoteiro. Como já foi citado, o Propósito, os Princípios e o Método Escoteiro, ou seja, seus Fundamentos, são universais, invariáveis e dão unidade a todos os elementos do Movimento. Mas justamente porque é um movimento, o Escotismo, em todos os níveis, deve ser sempre capaz de modificar seu enfoque, de adaptar-se, de ser flexível na maneira com que trabalha para alcançar seu propósito, dado que o Movimento Escoteiro não funciona sozinho no vácuo, mas sim numa sociedade que muda constantemente e de forma rápida.
Esta dualidade - a necessidade de permanecer fiel aos seus fundamentos e ao mesmo tempo ser flexível e dinâmico em suas formas de trabalhar - é uma característica essencial do Movimento Escoteiro. Toda mudança que não está claramente dirigida para o sucesso do Propósito do Movimento Escoteiro levaria a uma perda da identidade do Movimento e portanto, ao caos, enquanto um enfoque rígido e inflexível sobre a maneira de alcançar o Propósito nos levaria a uma esclerose que poderia acabar com o Movimento.

·         Um movimento não se implica em apenas um processo dinâmico dirigido ao alcance de um objetivo, também implica em algum tipo de organização e de estrutura para assegurá-lo. É importante ter em conta que, em um movimento, a organização e a estrutura são - assim como a mudança - uma necessidade; também são - como a mudança - não um fim em si mesmas, mas um meio para alcançar o sucesso do Propósito do Movimento.
Baden-Powell disse "Primeiro tive uma idéia. Mais tarde vi um ideal. Agora temos um Movimento, e se alguns de vocês não ficarem atentos terminaremos somente com uma organização" (o destaque foi adicionado). Esta frase pode ser mal interpretada no sentido de que o Movimento Escoteiro não é uma organização, ou que a organização não tem importância. O que o Fundador criticava não era o princípio de uma organização, mas sim aquele de "somente uma organização, ou seja, uma estrutura que só serve para si mesma, e não para servir a um movimento ou a seu propósito.
No Movimento Escoteiro, assim como em qualquer outro movimento, a organização e as estruturas sempre devem ser bem desenhadas e enfocadas, exclusivamente para o alcance dos objetivos do movimento; sua existência não pode se justificar de outra maneira. Ainda mais, devido ao fato de que o Escotismo é um movimento, a organização deve ser dinâmica e adaptável com o objetivo de possibilitar constantemente ao movimento o alcance de seu propósito a luz das mudanças rápidas e inevitáveis da sociedade. As organizações que existem para seu serviço próprio e para auto perpetuar-se contrariam o conceito de movimento.
O que é verdade para um movimento em geral também se aplica a um movimento mundial. Em seu caráter de movimento mundial, o Movimento Escoteiro está unido por seus fundamentos, que devem ser os mesmos em todas as partes. Por ser um movimento, o Movimento Escoteiro deve permanecer flexível e adaptável em suas formas de operação com o objetivo de satisfazer as necessidades dos jovens em um momento e lugar específico e em uma grande diversidade de situações. Da mesma forma, sua organização e estrutura e todas as pessoas que trabalham nelas em qualquer nível - local, regional, nacional ou internacional - devem a todo momento procurar alcançar o propósito do movimento e serem capazes de adaptar-se sempre que seja necessário.
São precisamente estes dois fatores que tem feito possível o Movimento Escoteiro crescer constantemente até ser um movimento singular de alcance mundial - o maior movimento educativo voluntário de jovens do mundo.

PARA JOVENS


O Movimento Escoteiro, como movimento juvenil, dirige seu projeto educativo aos jovens.

É importante considerar a este respeito que:

Mesmo que existam traços gerais em relação ao grupo de idade de jovens aos quais se oferece o projeto educativo do Movimento Escoteiro, não existem regras estritas sobre este ponto. Cada Associação Escoteira Nacional determina os grupos de idade aos quais se dirige. Entretanto, como movimento de jovens, seu Programa não corresponde a todas as necessidades nem a todos os interesses de pessoas cujas idades superem em muito os vinte anos.  Adicionalmente, o documento   "Em direção a uma estratégia para o Escotismo", adotado pela 31a Conferência Escoteira Mundial, Melbourne, Austrália, em 1988, já ressaltava um dos elementos chave do propósito original do Movimento, a saber, que foi especialmente concebido para o grupo de idade adolescente. A contribuição que o Movimento Escoteiro pode trazer ao desenvolvimento dos jovens, varia evidentemente segundo o grau de maturidade de cada jovem. Aos adolescentes em particular, o Método Escoteiro oferece a oportunidade de desenvolver a capacidade de tomar suas próprias decisões e alcançar um maior grau de autonomia, aspecto essencial no desenvolvimento de uma pessoa. E ainda, os adolescentes usualmente não se sentem atraídos por uma organização tida como “de crianças”.
Como movimento educativo cujo propósito é contribuir no desenvolvimento dos jovens para que assumam um papel construtivo na sociedade, o Movimento Escoteiro não pode lograr êxito, se não acompanha os jovens ao longo de sua adolescência até a sua “saída” do Movimento, o momento ideal para esta saída é quando complete a idade limite da última seção na qual se adota o Programa de Jovens, em nosso caso, o ramo pioneiro.

Ao falar de jovens, naturalmente se incluem ambos os sexos, meninos e meninas, moças e rapazes. Mesmo que o Movimento Escoteiro originalmente estivesse dirigido aos rapazes, há mais de 25 anos está aberto a todos os jovens, sem distinção de sexo.
·      Em sociedades como a nossa em que há igualdade de homens e mulheres (na escola, na vida social e profissional), é evidente o papel a ser desempenhado pelo Movimento Escoteiro na contribuição para a participação ativa e construtiva de seus jovens em um ambiente social misto, por meio de uma ênfase coeducativa – no Movimento Escoteiro, a coeducação pode ser definida como um enfoque que busca o desenvolvimento de jovens de ambos os sexos em eqüidade, sem perder de vista as características individuais de cada pessoa.
·      A continuidade neste processo é fundamental, a partir do momento em que se oferecem atividades coeducativas em uma determinada intensidade a um determinado ramo, deve-se continuar a oferecer esta possibilidade nos ramos seguintes
·      Na atualidade, qualquer que seja a composição de uma seção, a proposta do Movimento Escoteiro não se considera completa se não inclui elementos que estimulem o respeito e a compreensão mútua entre homens e mulheres

O Movimento Escoteiro não é simplesmente um movimento para jovens cuja gestão está totalmente nas mãos dos adultos, é também um movimento de jovens, que contam com o apoio dos adultos. Desta forma, o Movimento Escoteiro propõe a criação de uma comunidade de aprendizagem de jovens e adultos, que atuam igualmente, contribuindo na mesma proporção, em uma parceria de entusiasmo e experiência.
Este princípio básico deve orientar o Programa de Jovens, os integrantes de todos os grupos de idade devem participar na tomada das decisões que afetam a prática do programa no qual participam, assumindo responsabilidades crescentes, de acordo com sua idade, por suas próprias decisões e ações. Baden-Powell se referia a este processo como “governo de si mesmo” e com bastante freqüência estimulava aos dirigentes adultos a terem o hábito de consultar os jovens integrantes de uma unidade sobre suas preferências em relação ao programa.
Com relação a este princípio básico, o papel dos dirigentes adultos consiste em estimular e facilitar o desenvolvimento pessoal progressivo dos jovens na direção de uma cooperação rica e variada com os adultos. Em todos os níveis e em todas as situações, as atenções devem dirigir-se à manutenção do equilíbrio apropriado entre os papéis complementares de jovens e adultos.
 

VOLUNTÁRIO


          Segundo o dicionário “um ato voluntário não resulta do automatismo, nem dos reflexos, nem dos impulsos... é um ato realizado, empreendido ou originado pela vontade, que atua livremente, sem recompensa externa”.
         
          O caráter voluntário do Movimento Escoteiro enfatiza o fato que aqueles que aceitam o projeto educativo de sua Associação Nacional, em nosso caso o Projeto Educativo da União dos Escoteiros do Brasil, são membros do Movimento por sua própria vontade. Não há qualquer obrigação de entrar no Movimento Escoteiro ou nele permanecer. O Movimento Escoteiro não é como a escola, que todos estão obrigados a freqüentar em determinadas idades. São os próprios jovens que optam por ingressar no Movimento e decidem igualmente quando retirar-se. Este princípio de adesão voluntária é válido também para os dirigentes adultos.

          Este caráter voluntário traz certas implicações e conseqüências para o Movimento:

·      Se o fato de ingressar no Movimento é livre e de vontade própria de cada um, isto implica necessariamente que a proposta do Movimento Escoteiro oferecida a seus membros é atrativa e relevante a suas necessidades, com o fim de captar e manter seu interesse. O Movimento em si mesmo deve ser percebido como dinâmico e vivaz.
·      Em retribuição, o Movimento requer de cada um de seus membros um compromisso formal de respeitar e atuar de acordo com seus princípios fundamentais – os deveres para com Deus, os deveres para com os demais e os deveres consigo mesmo. Este compromisso se formaliza ao fazer a promessa escoteira, que é a expressão pública da vontade de fazer o melhor possível para ajustar sua vida a um código de conduta baseado naqueles princípios.
Este compromisso voluntário com o Movimento Escoteiro implica também que uma pessoa fará o seu melhor possível para alcançar o propósito educativo do movimento. Isto se aplica naturalmente aos jovens no que concerne a seu desenvolvimento pessoal, o compromisso voluntário é um elemento essencial do processo educativo do Movimento Escoteiro, que influi na motivação e na atitude pessoal, na capacidade de dar conta do próprio desenvolvimento, de estabelecer objetivos pessoais e de implementar estes objetivos, etc.
·         Os adultos que fazem parte do movimento também devem se comprometer com o propósito, os princípios e o método do Movimento Escoteiro, já que seu papel é ajudar os jovens, de forma direta e indireta, a desenvolver plenamente o seu potencial. Isto conduz a um forte sentido de cooperação e de responsabilidade compartilhada entre todos os membros do movimento, jovens e adultos, voluntários ou profissionais.
·         Na adesão voluntária ao movimento, se reconhece implicitamente que a proposta educativa do Movimento Escoteiro não se adapta a todos.
Pode-se perceber que nem todos os jovens são membros potenciais do Movimento Escoteiro, haverão aqueles que por uma ou outra razão, nunca serão atraídos pelas propostas nem terão vontade de aderir aos princípios fundamentais. O essencial é que o Movimento ofereça condições a todos os que desejem a oportunidade de ingressar, e que não estabeleça restrições sobre a base de fatores que não tenham relação com a aceitação dos fundamentos do Movimento Escoteiro.
·         Também se desprende da natureza voluntária do Movimento Escoteiro que os adultos que prestam serviço como dirigentes, o fazem por vontade própria, livre e voluntariamente, sem receber uma remuneração por sua dedicação e o seu tempo. Cada adulto em um movimento voluntário contribui à sua maneira e na medida de suas capacidades, talento e disponibilidade de tempo para lograr os objetivos comuns.
O fato de o Movimento Escoteiro congregar voluntários não o impede de utilizar os serviços de profissionais remunerados, sobre a base de dedicação total ou parcial para apoiar seus esforços. Nos casos em que se apresenta a necessidade e se dispõe de recursos, algumas pessoas podem ser contratadas para cumprir funções específicas que contribuem para a realização plena e eficaz do propósito do Movimento Escoteiro, e que demandam uma dedicação que supera as possibilidades dos voluntários. No geral, estas pessoas compartilham um forte compromisso com o Movimento Escoteiro. A presença de profissionais remunerados e uma boa colaboração entre estes e os voluntários fortalece o movimento e incrementa sua efetividade.
·         Um movimento voluntário, depende em grande medida da participação de todos os seus membros, homens, mulheres, rapazes, moças, jovens e adultos, a todos os níveis, nos processos de tomada de decisões. Como associados e protagonistas do Movimento, devem envolver-se ativamente na gestão de seus assuntos de maneira democrática.

ABERTO A TODOS


“O Movimento Escoteiro (...) [está] aberto a todos sem distinção de origem, raça ou credo (...)”.
Esta declaração, que faz parte da definição do Movimento Escoteiro e que figura na Constituição da Organização Mundial do Movimento Escoteiro, não poderia ser mais categórica.
Desde sua origem, o Movimento Escoteiro está aberto a todos os jovens, qualquer que fosse sua origem social, onde quer que tenha nascido e qualquer que fosse a religião a qual pertencessem. Tanto é verdade, que aqueles que participaram do acampamento experimental na Ilha de Brownsea foram escolhidos deliberadamente de diversos ambientes sociais. Mesmo começando na Grã-Bretanha, o Movimento Escoteiro foi de imediato adotado em muitos países, alguns muito distantes, cujas culturas, condições sociais e econômicas diferiam por completo daquelas na Inglaterra. Do mesmo modo, tendo começado num ambiente cristão, não teve problemas em enraizar-se em ambientes hindus, budistas, muçulmanos ou de outras religiões.
Na atualidade, como movimento de jovens, está aberto a todos, meninos e meninas, rapazes e moças, sem distinção de origem, raça ou credo ou restrição por razão de sexo. 

Esta abertura a todos tem numerosas implicações importantes:
·         Estas aberto a todos não significa que o Movimento Escoteiro seja para todos. De fato, é para todos que tenham vontade de aderir ao seu propósito, seus princípios e seu método. Esta opção deixa a decisão final de ingressar ou não ingressar nas mãos do jovem, que é o único que pode decidir se está ou não preparado para assumir tal compromisso. Não corresponde aos dirigentes adultos dizer se determinado jovem tem ou não tem capacidade para ser escoteiro ou restringir a capacitação a uma classe social determinada. Enfim, se somos um movimento educativo temos a obrigação de aceitar a todos os que tenham o desejo de aprender através do Movimento Escoteiro.
Ao mesmo tempo, não devemos esperar que o resulta da educação seja obtido antes que o  próprio processo educativo tenha começado. Em outras palavras, e usando um exemplo do desenvolvimento espiritual, não deveríamos esperar que os jovens escoteiros fossem exemplos perfeitos de devoção na fé que professam sem aceitar que simplesmente farão seu melhor possível para compreende-la e desenvolver-se espiritualmente como pessoas e membros de uma comunidade de fé.
·         O Escotismo não é um movimento elitista, não está reservado para um pequeno número de eleitos que correspondem a determinado protótipo, por exemplo aqueles jovens que sempre “obedecem sem retrucar”. Deve abrir-se àqueles que mais necessitam de sua proposta educativa e que freqüentemente, na realidade, “não tem muito de escoteiros” quando chegam ao Movimento.
Ao mesmo tempo que não é um movimento em que devam ingressar todos os jovens, estejam ou não dispostos a aceitar seu propósito, seus princípios e seu método.
Por sua própria natureza como movimento voluntário, deveria ser acessível a todos àqueles a quem interessa o que lhes pode ser oferecido e dispostos a assumir o compromisso de fazer seu melhor possível para aderir a seus fundamentos.
·         A acessibilidade do movimento é um ponto chave que significa:
·         Que a linguagem utilizada possa ser compreendida e que a imagem que se projete ao público em geral e entre os membros potenciais seja suficientemente atrativa e corresponda a aspectos com os quais os jovens possam identificar-se, ou ao menos, simpatizar. Isto obviamente, depende do “produto”(quer dizer, do Programa de Jovens) que uma Associação (em nosso caso a UEB) oferece aos jovens, mas também depende de quem oferece este programa, quer dizer, dos adultos que fazem parte do “sistema de distribuição”;
·         Que se estabeleçam novos grupos quando a demanda se apresente, como em lugares em que não há estrutura local alguma que acolha aos jovens ou aqueles que desejem ingressar em grupos já estabelecidos e se encontrem relegados a uma “lista de espera”; e
·         Que o custo financeiro da participação de um jovem no programa (atividades, traje, inscrições, etc.) não constitua uma barreira intransponível.

Para finalizar, a maioria das pessoas estaria de acordo em que o Movimento Escoteiro está aberto a todos. Contudo, nem todos estão preparados para fazer tudo o que deveriam para que chegue aos jovens que mais necessitam. Por exemplo, muitos jovens que tem dificuldades em sua vida cotidiana e que não são aceitos em sua comunidade ou são de certa forma desprezados pelos outros jovens nos lugares onde vivem, podem entretanto ter disposição para fazer seu melhor possível para se comprometerem com os princípios do movimento. Infelizmente, práticas demasiado rígidas, geralmente chamadas de “tradições”, que o tempo e os preconceitos acumularam no movimento, com bastante freqüência impossibilitam a chegada de jovens de âmbitos sociais diferentes. Para que o Movimento Escoteiro esteja verdadeiramente aberto a todos, especialmente àqueles que mais o necessitam, requerem-se obviamente adaptações, que não comprometam seu propósito, seus princípios e seu método.

NÃO POLÍTICO


Devido a seu caráter educativo, o Movimento Escoteiro é não político no sentido em que não se envolve na luta pelo poder, que é o campo da política.

Ao explicar a natureza não política do Movimento Escoteiro, é necessário que se distinga entre:

·         O Movimento, e sua organização, como força social, e
·         As pessoas que são membros do Movimento

Como força social, o Movimento Escoteiro e sua organização não devem ser identificados nem assimilados a nenhum partido político, que são habitualmente a expressão da vida política em uma democracia. Nem a organização em suas declarações ou publicações, nem qualquer pessoa que se apresente como sua representante devem ser identificados com um partido ou qualquer outro grupo político claramente estruturado em uma sociedade democrática, tendo em vista que isto comprometeria a independência do Movimento.
A razão pela qual o Movimento Escoteiro deve permanecer independente e não político é bem simples: Baden – Powell escreveu que “seria perigoso que as pessoas se acostumassem a que sua opinião estivesse formada por idéias que lhes foram introduzidas sem fazer qualquer esforço para recorrer a sua capacidade de juízo e sua consciência neste processo” e concluía portanto que “a capacidade de julgar por si mesmo é essencial”. É por isso que o Movimento Escoteiro é de natureza educativa e procura ajudar aos jovens a desenvolver, a partir dos talentos que cada um deles já possui, suas próprias potencialidades e sua autonomia. Isto pressupõe uma neutralidade estrita no processo educativo, pela única restrição estabelecida pelo marco de princípios, ou valores, sobre os quais está fundado o movimento. Se o Movimente Escoteiro se identificasse com qualquer partido político, isto inevitavelmente colocaria em risco a objetividade e neutralidade que sempre deve caracterizar o enfoque educativo centrado na pessoa.
Isto não significa todavia, que o Movimento Escoteiro esteja completamente apartado das realidades sociopolíticas. O movimento mesmo é uma realidade social e seu propósito é ajudar aos jovens a desenvolver-se como pessoas responsáveis e como membros plenos da sociedade. Esta educação cívica não pode ser desenvolvida “em uma bolha”, e o movimento deve ser capaz de defender os valores que sustenta e de criar as melhores condições possíveis para levar a cabo seu projeto educativo. Consequentemente, nada impede que o Movimento Escoteiro tome posições sobre diversos assuntos tais como, os direitos da criança, na medida em que o assunto em questão e a tomada de posição estejam claramente relacionados a missão educativa, esteja baseada em sua própria Constituição e em seus princípios e se apresente em tal sentido, não como parte de uma luta pelo poder ou de políticas partidistas as quais o Movimento Escoteiro deve transcender.
Ao que concerne as pessoas que são membros do Movimento, a situação é de certa forma diferente. O Fundador não desencorajou os membros do Movimento a aderirem a partidos políticos com tanto que isto se fizesse a nível pessoal e não como representantes do Movimento Escoteiro. Consequentemente, adicionalmente ao exercício de suas responsabilidades cívicas, nada obsta que um integrante do Movimento Escoteiro ao mesmo tempo deseje ser membro ativo de um partido político, sempre que o faça como indivíduo e não como Escoteiro.
E mesmo assim, a adesão a um partido político não deve ser incondicional. O razão é que o Movimento Escoteiro se baseia em um série de valores, ou princípios, que condicionam as opções políticas de seus membros, que por sua vez não podem sustentar ao mesmo tempo distintos sistemas de valores que estejam em conflito entre si. Assim, por exemplo, a crença em uma força espiritual que transcende à humanidade; o reconhecimento e o respeito às demais pessoas como semelhantes; a igualdade entre os homens sem distinção de origem, raça ou crença religiosa; o caráter essencial de integridade do mundo natural, fazem com que seja impossível que um Escoteiro filie-se, de maneira individual a um bom número de partidos formadores do espectro político. Vale lembrar ainda que em nenhuma circunstância o indivíduo deve usar o Movimento Escoteiro como plataforma de promoção do partido ao qual pertence.
      Deve levar-se em consideração que as observações assinaladas acima se aplicam essencialmente em sociedades democráticas, as que constituem o ambiente apropriado para o funcionamento do Movimento Escoteiro e nas quais o Movimento Escoteiro assim como seus membros podem optar com liberdade. Nas sociedades não democráticas esta opção infelizmente não é concedida, e não há outra solução senão a de viver de acordo com a realidade política imperante, mas em qualquer dos casos, está em suas mãos a manutenção da independência do Movimento Escoteiro.

 

INDEPENDENTE


            Em todos os níveis – local, nacional e internacional – O Movimento Escoteiro tem uma identidade própria que se baseia em seu propósito, seus princípios e seu método:

·         É um Movimento que procura aportar uma contribuição específica para a educação dos jovens...
·         Que se baseia em princípios fundamentais...
·         Que foram definidos à nível internacional...
·         E que garantem a unidade do Movimento.

O Movimento irá lograr êxito no cumprimento de seu propósito educativo somente se sua identidade específica for salvaguardada, garantida. Qualquer perda ou diluição desta identidade – poderia ocorrer se, por exemplo, se vinculasse ou estivesse subordinado a grande influência de outra instituição ou autoridade – teria um efeito inevitavelmente negativo sobre o Movimento.
O Movimento deve, portanto, conservar a qualquer preço sua independência, e dispor em todos os níveis de suas próprias autoridades soberanas para a adoção de decisões.
Isto não implica em que o Movimento Escoteiro deva operar isoladamente, nem que deva recusar-se a cooperar com outras organizações ou autoridades. Aliás, nunca haveria chegado a ser o movimento mundial que é hoje em dia, sem o reconhecimento e o apoio social e institucional que tem desfrutado ao longo de toda sua história. Mas, pode aceitar somente a cooperação e a oferta de apoio ou associação com outra organização ou autoridade que o ajude a cumprir de maneira melhor e mais eficaz seu propósito educativo.
Isto significa que em todos os níveis o Movimento Escoteiro deve se manter extremamente atento em suas relações com outras entidades – instituições patrocinadoras, parceiros em ações específicas, organizações de natureza similar, autoridades governamentais, ou outras – com o fim de assegurar sua identidade própria e que sua independência não seja posta em risco com os resultados de tais relações.

Por exemplo:

·         A cooperação do Movimento Escoteiro com outras organizações de educação de jovens nunca deve conduzir a perda ou a risco de sua própria independência e de sua função específica no papel de educação dos jovens.
·         Os laços de patrocínio entre o Movimento Escoteiro e uma organização religiosa ou comunitária nunca devem dar lugar a que a Associação Escoteira acabe por ser controlada por tal autoridade externa nem dar a impressão de estar subordinada.
·         Os laços que o Movimento Escoteiro possa estabelecer com autoridades locais ou nacionais nunca devem conduzir a que se ponha em questão seu caráter voluntário, nem o papel que desempenha com a comunidade entre as instituições de educação não formal.
·         A cooperação do Movimento Escoteiro com agências de desenvolvimento nunca deve dar lugar a que o movimento como tal seja percebido como uma agência de desenvolvimento no lugar de um movimento destinado a contribuir de uma maneira particular à educação dos jovens.

É natural e legítimo que exista o impulso por consultar e cooperar com outras organizações à serviço dos jovens. Também podem existir vantagens em desenvolver ou manter estreitos laços institucionais com autoridades governamentais relacionadas com os assuntos de juventude e educação. Inevitavelmente, sempre se buscam oportunidades para elevar o perfil do Movimento Escoteiro na comunidade ou para encontrar novas fontes de recursos financeiros ou de recursos humanos. Contudo, deve-se proceder com extrema cautela em todos os níveis do Movimento em tais situações, para assegurar que não se arrisque à perda da independência ou da identidade específica.
É importante levar-se em consideração que o que melhor protege o Movimento das ameaças de forças externas     é o fato de que sua natureza e identidade particulares tenham sido definidas e tenham sido objeto de acordos internacionais entre todas as Associações Escoteiras. Por exemplo, sempre que os princípios fundamentais do Movimento Escoteiro sejam desafiados por algum país em particular, poderá questionar-se a sua permanência como membro deste Movimento Mundial.

(Traduzido e adaptado do documento "The Essential Characteristics of Scouting - World Scout Bureau, 1998" por Fernando Brodeschi e Melissa Martins Casagrande.)